sexta-feira, 9 de novembro de 2007




Fiquei só na minha casinha novamente, porém mil vezes mais bonita
Fiquei só na minha casinha novamente, porém mil vezes mais feliz
Fiquei só novamente, porém mil vezes mais sobrinha
Fiquei só novamente, porém mil vezes mais amiga
Fiquei só novamente, mil vezes mais agradecida
Fiquei só, mil vezes mais saudosa
Fiquei só, mil vezes mais vocês
Fiquei só
Fiquei

Voltem sempre!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Lulu foi pra China




Lulu foi pra China
Vejam só que loucura
Se aqui no Brasil
Já ninguém a segura
Imagina na China
Longe da vida dura

Vai voltar de Kimono
Falando mandarin
Palito na cabeça
Distribuindo beijin
Palavra que aprendeu
Com um Chinês lá em Pequin

Imagine só, ela tentando
Falar lá com o seu Chinês
Ele vai perguntar pra Deus
Que tanto mal foi que ele fez
Se é pra vender pra essa doidinha
Prefiro ficar sem freguês

Churrasquinho de cachorro
Ela já disse que não quer
Mas um escorpião assado
De repente até dá pé
Se tiver cerveja então
Vai entrar que nem café

Na muralha da China
Disse que vai botar seu nome
Vai comprar o mundo inteiro
Numa loja em Hong Kong
E se o guia implicar
Ela pega o trem e some

Em Xangai vai tirar fotos
E ficar olhando as luzes
Vai comer em restaurantes
E tomar banhos de Jacuzes
Daqui eu digo com orgulho
Essa é minha tia Lourdes

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Minha mãe é de vanguarda

Desde criança, desconfiava que a minha mãe era diferente de todas as outras!
Filósofa, revolucionária, vaidosa e moderna!
Uma vanguardista!

Escolheu nomes estranhos para as filhas e conseguiu que elas não ficassem traumatizadas por isso, muito pelo contrário, nós adoramos nossos nomes!

Confesso que todo esse vanguardismo já me incomodou um pouco, principalmente quando ela resolvia criar novos modelitos e nos fazia sair de casa com roupas transcedentais ou psicodélicas. Ou de verde limão e laranja, quando todas as nossas amiguinhas usavam rosa e azul bebê!
E na minha adolescência quando ela dançava com um copo na cabeça na frente dos meus amigos e eu achava aquilo ridículo!

Essa é minha mãe!

Esta semana, me surpreendi comprando um MP3 de presente para ela, sim um MP3 , para que ela possa ouvir os Mantras da Yoga, ou escutar suas músicas preferidas, enquanto vai ao curso de Espanhol. Hoje ao telefone ela me perguntou se ele servia como Pen drive também, rs..eu adorei a pergunta!

Meus amigos, minha nãe não sabe cozinhar um ovo, de cozinha não entende mesmo. Mas se o assunto é política, ela dá show.

Tem um dos astrais mais altos que já vi em toda a minha vida, com ela não existe problema sem solução e quando não tem solução é porque não era um problema. Tem um dinamismo que chega a ser preocupante, minha irmã diz que é hiper ativa, para mim ela precisava baixar o faxo de vez enquando, para o bem da sua saúde.

Não existe visita que vá em sua casa e não volte lá depois, ela é ótima anfitriã, foi ótima nora, foi ótima filha, é ótima esposa, sogra, cunhada, amiga e irmã.

Nossos amigos são amigos dela, e isso não tem preço!

Mamãe, agradeço todos os dias pelas comidas que você não cozinhou e pelas panelas que você não areou.
Que bom que você não perdeu tempo com isso!!! Te amo muito!!
















sábado, 11 de agosto de 2007


Eu adoro aniversários, e como diria um amigo, sobretudo quando é o meu!

O deste ano tá dando até medo de tão especial que foi, apesar de não ter acordado com o telefonema de vovó Diva, dizendo "ói ela" , como todos os outros anos, recebi muitos e muitos telefonemas da minha família e amigos!

Mas vamos ao que interessa: estou eu às 11h30 da manhã tentando pôr ordem na casa quando recebo um telefonema inusitado, Marco Aurélio cantando parabéns...com direito a "com quem será...", tia Marlise desejando felicidades e meu tio Agostinho com aquela conversa boa de ouvir. Ele não deve estar sabendo, mas me deu um presente que não tem preço, não é tácito e vai vir comigo pro resto da vida! O melhor presente do dia...

Meu Deus o homem demora
Mas um dia ele aprende
Que não precisa de dinheiro
Para dar um bom presente
Basta abrir o coração
Para deixar alguém contente

Veja bem essa história
Que o meu tio me contou
Nem de longe ele sabe
O quanto me emocionou
É nessas horas que vejo
O quanto abençoada sou

Interior do Maranhão
Em Pindaré Mirim
Começou uma amizade
Que não ia mais ter fim
Lá que conheci teu pai
ele disse para mim

Murilo queria comprar
Uma casa pra sua avó
Uma casa muito bonita
Na cidade de Maceió
Queria financiar
Mas o banco não teve dó

Meu senhor meus parabéns
Seu gesto não é nada mal
Mas para comprar a casa
Você precisa de um aval
Para adquirir um imóvel
Não basta só dar o sinal

Foi no Banco da Maranhão
O gerente era o Arlindo
Teu pai citou vários nomes
Inclusive seu tio Dívio
Mas o cabra não aceitou
Deixando ele desiludido

Teu pai quebrou a cabeça
Pra achar um avalista
E no meio de tantos nomes
Tava alí o meu na lista
Dessa o Arlindo gostou
Minha reputação era bem quista

O problema é que Murilo
Direito não me conhecia
Mas uma boa cachacinha
Resolve qualquer burocracia
Assim ficamos amigos
E se cumpriu a profecia

Teu pai comprou a casa
E fez questão de me levar
Para conhecer a mãe
Que eu tanto ouvia ele falar
Chegamos às 6h da manhã
Depois de duas horas no bar

E assim fomos à Gruta
O Bairro da Dona Diva
Minha sobrinha vou te contar
Pois em mim tú acredita
Alguém igual a ela
Eu tô pra ver nessa vida

Ela chamava o meu nome
Quando comigo conversava
Tinha uma voz mansa
Que a todos encantava
E pra sair daquela casa
Muito difícil ficava

Infelizmente este ano
Dela, chegou a hora
E é isso minha sobrinha
Está aí mais uma história
Sua avó era uma santa
E está na minha memória

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O que é Cultura?




Foi naquela tarde quente
Eu andando pela rua
Um indivíduo me parou
E perguntou o que é cultura
E nessa hora, meu senhor
Começou minha procura

Meu camarada eu não sei
O que posso lhe dizer
Eu conheço esse nome
Mas explicar não vou saber
O que quer dizer essa danada
No dicionário há de ter



Fui atrás do dicionário
Até em livraria entrei
Confesso meio encabulado
O nome da loja nem sei
A vendedora abriu um sorriso
E foi aí que perguntei

Moça por favor me explique
Onde posso encontrar
A resposta pra pergunta
Que está no quengo a martelar
Eu tava andando pela rua
Veio um homem perguntar

Moço, o que é cultura?
E você veja meu vexame
Já ouvi por tantas vezes
O danado desse nome
Se cultura fosse comida
O homem ia morrer de fome

Não se preocupe senhor
Disse ela, delicada
Você veio no lugar certo
Olhe só aquela bancada
Abarrotada de livros
Vá lá e dê uma olhada

Tinha livro pra daná
Nome nada habitual
Drummond, suassuna, Lins do Rego
O conterrâneo João Cabral
Foi o dia todo lendo
Até da vista, passar mal

Fui embora meio tonto
Tonto porém feliz
Saí correndo da livraria
Até a rua da matriz
Procurei até à noite
E encontrei o infeliz

Sentado num banquinho, Avistei
Pelo meu cansaço o culpado
Com orgulho eu pensei
Agora eu pego esse danado
Vou dizer-lhe o que cultura
Ensinar pra esse coitado

Meu amigo eu não disse antes
Porque tava com muita pressa
Mas agora eu voltei pra dizer
que de cultura sei a beça
Ela ta numa livraria
Que fica naquela travessa

Mas o tal do camarada
Queria mesmo era me irritar
Respondeu-me mal criado
Que eu tenho muito o que estudar
Que cultura não era só livro
E que ele ia me ensinar

Saiu andando apressado
Eu de besta, fui atrás
Queria mesmo era só vê
Do que esse cabra era capaz
Quando menos esperei
Já estava atrás do cais

Por lá tinha uma festa
Gente tinha era de rodo
Lembrei da minha mulher
Hoje me bate com o rolo
Ele foi logo me empurrando
Para o meio daquele bolo

Lá na frente tinha um palco
Acho que era show de rock
Tinha gente de todo jeito
De suor, enchia um pote
Um povo tão eletrizado
Que se tocasse dava choque

Camarada me explique
O que está acontecendo?
Quer me fazer de besta?
Daqui vou sair correndo
Sou cidadão de respeito
Isso aí é coisa do demo

Foi aí que ele me disse
Que eu tava muito enganado
Aquilo ali era cultura
Como o samba, o coco e o congado
Pois até de maracatu
Me falou esse danado

Esses ritmos, disse ele
Estão no povo enraizado
Tem o frevo, o baião
Bumba meu boi e reisado
Lá no palco Chico Science
Um cantor muito arretado

Até mesmo de cinema
Ele veio me falar
E de tanto tipo de arte
Que nem consigo me lembrar
Tudo isso é cultura
Você pode acreditar

Falou de roupa, de comida
De costume e tradição
De linguagem, de lugares
Até de festa de São João
E eu fiquei impressionado
O homem era mesmo “bão”

Já era tarde da noite
E eu não tinha feito nada
Só falando de cultura
Do patrão vai vir paulada
Cultura não dá dinheiro
Mas eu gostei da desgraçada

terça-feira, 31 de julho de 2007

As quatro


Porque irmãs, porque quatro, porque mulheres, porque de longe, porque saudade, porque se amam, porque reclamam, porque mulheres, porque saudade, porque choram, porque riem de si , porque riem das outras, porque se espelham, porque irmãs, porque diferentes, porque se comparam, porque amigas, porque unidas, porque saudade, porque ainda brincam, porque inimigas de infância, porque amigas de eternidade!

O casamento de Roberta e Cristovam

Meu camarada, existem coisas
Que só mesmo Freud explica
Está acima do céu e da terra
E até mesmo Deus duvida
Como a história desse amor
Que hoje aqui se certifica

Fé eu mesma não botei
Muito menos dei valor
Terá sido uma enrrascada
Que a minha amiga se enfiou?
Confesso foi meu pensamento
Mas com certeza já mudou

Era drama de deixar
Nelson Rodrigues desmoralizado
Quem pôde acompanhar
Foi verdadeiro felizardo
Sou testemunha desde sempre
E venho aqui com muito agrado

Dizer que o respeitável noivo
Conquistou minha amizade
E que admiro muito
A sua autenticidade
Você conquista todo mundo
Com essa felicidade

Já da noiva eu gostaria
De nem precisar falar
Pois seria inevitável
Falar sem me emocionar
É minha amiga, quase irmã
Não há distância a separar

Hoje moro em São Paulo
E vim pra ver este casal
Eu desejo que esta noite
Seja mesmo FENOMENAL
E que esta nova vida
Um duradouro CARNAVAL

A festa está só começando
E eu não quero me estender
Esta é minha homenagem
E vocês fazem por merecer
A nossa grande amizade
Só tenho que agradecer

Eu estou aqui tentando
A história detalhar
Sinto muito Beta e Cristovam
A de vocês não vou contar
Tem menores no recinto
Vamos ter que censurar

Aos amigos "BANDIDOS"
Hoje o noivo vai dizer
O destino estava escrito
Demorei foi para ler
Precisou de 11 anos
Para isso acontecer

Às amigas, a "LINDINHA"
Hoje vai ter que falar
Viram só minhas queridas?
Foi difícil acreditar
Mas é com este doutor mesmo
Que a psicologa vai casar

Vocês devem estar cientes
Que estou apenas brincando
Pois a bandeira deste amor
Há tempo venho levantando
E que fico muito feliz
Em ver os dois se casando

Vim aqui queridos amigos
Esta festa eu não ia perder
Juro, nem vou lhes pedir
O danando do buquet
É esse brilho nos seus olhos
Que eu não podia deixar de ver

O Casamento de Milena e Tomás


Seu convidado eu já vi
Festa de todo jeito
Mas sei que hoje aí
Só tem gente de respeito
E o que tem nesse Cordel
Vem de dentro do meu peito.

Achei por bem você saber
Quem é bom amigo, avisa
Não pretendo me estender
Nem tão pouco ser prolixa
Vocês estão aí pra beber
Quem quer meditar vai a missa.

Primeiro quero pedir a benção
Aos famosos repentistas
Que dos meus erros aqui escritos
Eles façam grossas vistas
Pois todo nordestino sabe
O valor desses artistas.

Depois quero pedir a benção
A querida tia Dutra
E dizer que apesar da saudade
Sua filha venceu a luta
Hoje é Doutora de respeito
Não é médica fajuta.

Agora seu convidado
Venho eu me apresentar
Estou morando em São Paulo
Mas no Recife queria estar
Pois sei que nesse mundo
Lugar melhor não há.

O meu nome é Taja Passos
E vou logo lhe dizer
Essa noiva aí presente
É minha amiga do ABC
E amizade longa assim
Não tem preço pra vender.

Quando a gente era menina
Era ela a mais levada
Nas nossas férias no Rio
Sempre ela a mais danada
Rabo de cavalo e bota
Uma dupla da pesada

Colégio Damas, São Luís
Tardes na rua da Lama
De menina a bailarina
Ser perfeita é sua fama
Esse aqui é um presente
Da amiga que te ama.

Sua fama aumentou
Quando era adolescente
De todas as amigas
Era a mais inteligente
Pois por mais que estudassem
Ninguém passava a sua frente.

Logo a nossa bailarina
Passou no vestibular
Sinto muito, seu leitor
Parou ela de dançar
Escolheu a medicina
Para o povo ajudar.

Veio embora pra São Paulo
Quando acabou a faculdade
Não vou negar, meu senhor
No Recife deixou saudade
O dia anoiteceu
Ficou mais triste a cidade.

Aqui em Sampa conheceu
Vejam só, um belo moço
Logo deu para notar
Que tinha Angú nesse caroço
Foi ser logo namorado
E depois virou seu noivo.

Queria arrumar um paulista
Oh, meu Deus! Que ledo engano
Papo vem, papo vai
O moço é pernambucano
Os coitados dos paulistas
Nessa, entraram pelo cano.

Foi na Terra da Garoa
Numa boate de burguês
Tomás veio de mansinho
Disse: chegou a minha vez
Já ela não gostou muito
Pois a camisa era xadrez.

Quando conheci Tomás
Achei que serviu direitinho
Legal, bonito e inteligente
Com Milena dá certinho
Mesmo tendo no meu tapete
Ele derramado vinho.

O noivo treme de nervoso
Hoje ela sobe ao altar
Vai levada pelo pai
Muito linda ela está
Tão bonita que as outras noivas
Nem vão mais querer casar.

Estou longe, meus queridos
Mas daqui vou desejar
Quero pra vocês tudo de bom
Do que a vida possa dar
Saúde, amor, dinheiro e paz
E muitos filhos pra alegrar.

Se vocês pensarem bem
A vida começa amanhã
Por Deus , tenho certeza
Que vai ter gosto de avelã
Sei que Tomás vai cuidar bem
Da minha querida amiga-irmã.

Quando o dia clarear
Arranca logo esse véu
O que vocês estão esperando?
Corram pra lua de mel
Eu aqui fico pensando
No final feliz do meu cordel.

Mas não esqueça minha amiga
Do que eu vou lhe dizer
Se você não sabe ainda
Vou ser você quando crescer.
Agora saia de fininho e guarde
Para mim esse buquet.

Depressão pré-carnaval


O ano novo em Pernambuco deveria ser com o término do carnaval, sei bem o que é uma sexta-feira que antecede o sábado de Zé Pereira por lá, posso falar com propriedade. sinto o cheiro, conheço o clima.

O dia amanhece mais cedo, o sol brilha mais forte e as cores, essas ficam todas mais coloridas, azuis intensos, vermelhos sangue, amarelos ouro.

O carnaval está tão impregnado nas pessoas, que é praticamente impossível de se pensar que o resto do mundo não está do mesmo jeito.

Os problemas e preocupações estão todos fantasiados, prontos para saírem no bloco, se não se resolvem nos quatro dias, pelo menos são mascarados e esquecidos, e por falar em bloco, esses são milhares, são tantos que é uma decisão dificílima saber em qual sair.

A alegria está por todos os cantos da cidade, nas caras das pessoas, nos pés saltitantes, nos abraços amistosos, encontros inesperados. Até no trânsito de Recife para Olinda as pessoas estão sempre felizes. Ritmos de momo nos ouvidos, bocas e corações.

Acho incrível esse amor que o pernambucano tem pelo carnaval, e não é só porque se trata de um feriado ou porque ele vai beber os quatro dias e sim porque o carnaval está entranhado na alma do pernambucano, é como se todos os antepassados citados nos frevos, descessem para brincar também.
Parece magia. É como se a festa de momo fosse uma mãe que a todos cuida e acolhe. Para que na quarta-feira de cinzas nasça um novo ano cheio de esperanças que só termina no próximo carnaval.

Aff...que saudade!
Beijos a todos os filhos do nosso carnaval

Colcha de Retalhos - Vovó Diva




Querida vovó Diva,
ensina-me a costurar uma colcha de retalhos como a tua...


Assim colorida como a tua e cheia de amor!Numa costura de linhas fortes, que sofreu algumas falhas, mas seguiu firme no zigzag da vida!


E que nesta colcha eu possa também formar uma linda família como a tua, com muitos filhos , netos e bisnetos ,como os teus, que me amem e me vejam como uma dádiva em suas vidas. Assim como foste tú, na vida dos teus.


Minha linda, ensina-me também a juntar os retalhos, assim como acolheste cada pessoa que te pediu ajuda. Levando esperança em cada pedacinho de pano!


Que em cada agulhada da vida eu consiga me levantar e olhar para frente com muita fé.


E que no final da colcha, mesmo presente na saudade de cada instante, as pessoas que comigo conviveram, tenham a certeza que estarei voando feliz e com grande liberdade para junto de Deus!


Ensina-me vovó!

Escrevi pra formatura de Loala


Quando eu era mais nova, gostava de imaginar muitas coisas, me ver em várias situações, essa coisa de construir uma pessoa dentro de você e vesti-la, depois desvestí-la, de vez em quando é bom viver outras vidas!

Claro, não levei a sério porque para certas coisas é preciso talento.
Mas trouxe a sensação da brincadeira comigo.

Hoje visto a fantasia de dentista, a diferença, é que agora é na vida real e um novo ciclo se inicia , o ciclo profissional.

Desejo que nesse ciclo eu não me deixe levar pela ganância, que não seja vazia de sentido, que meu trabalho mexa com minhas emoções, que eu zele sempre pela saúde dos meus pacientes e que esse brilho de quem acredita que a vida pode ir além da aspereza do dia-a-dia não saia nunca dos meus olhos.

Hoje tenho a honra de convidar, para a abertura desse novo ciclo, as pessoas que já riram ao meu lado (até a barriga doer), as que já choraram comigo (seja por um filme de sessão da tarde ou por um problema real), as que já falaram de coisas sérias para mim, as que já me deram bronca , as que já ouviram minhas broncas, enfim , as pessoas que fazem parte da minha vida e que são imensamente importantes...

Conto com você na minha formatura!"

A Cozinha


Minha casa, que foi o meu teto durante 23 anos, é assim: um apartamento em um prédio , na rua do Futuro no mesmo bairro do Colégio São Luís, no Recife. Com 4 quartos, uma cozinha, uma sala, dois banheiros, dispensa e área de serviço e duas varandas, tudo bem grande. Na varanda da sala tem um céu maravilhoso tanto de dia quanto de noite. Mas outro dia eu falo da varanda que é o segundo lugar melhor da minha casa.
O primeiro com certeza é A COZINHA!

Eu adoro a minha cozinha, que obviamente não chega a ser predominantemente minha, porque antes de mim ela já tem 2 donos que são Mary e Deladim (sei que mamãe vai protestar). Então vou chamá-la de nossa cozinha. Nossa cozinha tem armários embutidos, muitos, que cabem de tudo um pouco. Velhos cadernos de receitas, vidrinhos, um monte de panelas e louças, tigelas de plástico e mantimentos. Tem também um fogão de 6 bocas, uma geladeira e um freezer. De modernidades só o microondas que é o substituto do antigo MICROONDAS-TV-ARMÁRIO, que desde que foi adquirido por volta de 1980 serviu para tudo, exceto para as finalidades de um microondas. Tem também uma mesa, onde cabe um monte de gente sentada em volta, muito mais gente do que parece.

O cheiro e o calor da cozinha de uma casa lembram o acolhimento que se sente num abraço daqueles, bem nutritivo. Dá pra enumerar uma infinidade de cheiros deliciosos que saem da cozinha. Cheiro de pipoca, de pão assando, de sururu, de bolo de cenoura, de brigadeiro no fogo, de tapioca e queijo coalho. Além de abrir o apetite, os cheiros trazem lembranças. E, de acordo com elas, sorrisos, lágrimas, ou a mais triste apatia. Eu lembro do cheiro da cozinha da minha avó, e da cantina do colégio que eu estudava, lembro do barulho das conversas e do peru assando no natal enquanto nos abraçávamos. Em cada pedacinho da cozinha mora uma história.

Na minha casa, a cozinha é o lugar das conversas, e o lugar onde mais falamos das coisas que sentimos ou passamos. Há uma cumplicidade natural ao entrarmos lá. É também o lugar onde todos ficamos unidos fazendo alguma coisa. Na sala, não. Tem a televisão, o sofá, a mesa, onde cada um senta-se e se distrai sozinho, ainda que estejamos próximos. Na cozinha, sempre conversamos, cantamos, rimos e choramos, há contato. É um lugar de emoções intensas, o lugar do estômago e do coração. E todo mundo lá em casa adora comer. E adora mais ainda falar (exceto eu que escuto, mais do que falo). Por isso a tal da nossa cozinha vive cheia, e sempre acesa. Sem falar que é o lugar mais iluminado de casa. Sempre que alguém quer conversar algum assunto, acabamos na cozinha. Nossos amigos sabem bem disso. Quantas vezes sentei no chão da cozinha, ali perto da despensa, para acariciar Deladim e escutar as Histórias de Mamãe e Mary, e de tantas outras pessoas que passaram por ali.

Na cozinha, lá em casa, é onde comemos também. Sentamos juntos, e ficamos conversando, fazendo piadas, recebendo nossas visitas, conhecendo as pessoas. Às vezes, é onde brigamos também, e sentimos a comida fazer um nó na garganta e descer atravessada. Comer junto é nutrição pra alma e pro corpo. E que delícia que é. Quando o calor do fogão vai descongestionando os caminhos do sentimento, fica fácil.
Lá na cozinha, que tem espaço, dá pra fazer uma porção de coisas. Recortar. Pintar. Namorar. bordar, brincar com o cachorro, Estudar. Enfim, a cozinha é um lugar muito rico. E ainda por cima, sempre tem biscoito escondido na despensa.

Foi na cozinha que chorei a morte de Tia Dutra, lembro como se fosse hoje eu, Ula e Marlisinha chorando e comendo um pote inteiro de goiabada, eu estava preocupada com Milena, minha querida amiga que tantas outras vezes eu vi dar gargalhadas nesta mesma cozinha.
Foi na cozinha que conferi o resultado positivo do vestibular e que vi mamãe praticamente esmagar o cachorro e se esborrachar no chão, cena que rendeu choro e muitas gargalhadas, na última vez em que estive em Recife! Foi nesta cozinha que várias vezes me deparei com a vizinha de camisola, com os porteiros batendo papo e tomando cerveja em dia de festa. Com papai comendo o docinho básico de cada dia, Marco Aurélio comendo aquele pratão de caminhoneiro e tia Marlise preocupada com a comida que ninguém nunca entendeu o porque das preocupações, afinal tudo o que ela toca vira manjar dos Deuses. A cozinha das cervejinhas com tia Lourdes e de outras inúmeras recordações.
E é esta cozinha de alegrias e tristezas que é o coração da minha casa, o coração junto com o cérebro que é o órgão vital do corpo e da alma.

Aí que fome me deu agora...